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Presidente indica principais desafios: "salários atrasados e calendário"

Presidente da Fenapaf vê jogadores de futebol mais unidos em busca de melhorias – Divulgação

Ex-jogador de futebol, ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Norte (TJD-RN), presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio Grande do Norte (Safern) e advogado especialista em direito desportivo. Com essas credenciais, Felipe Augusto Leite foi eleito, em 2016, mandatário máximo da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). Ao PÓDIO, ele faz um balaço sobre seu primeiro ano à frente da entidade e avalia o atual cenário enfrentado pelos jogadores no Brasil.
 

PÓDIO – Você é o primeiro presidente da Fenapaf fora do eixo Rio-São Paulo. Acha que isso, de alguma forma, tem te ajudado a olhar um pouco mais pelos jogadores de centros menores?

Felipe Augusto Leite – Particularmente, sempre tive os olhos voltados para a grande maioria dos atletas, que ganham até cinco salários mínimos, ou seja, 96% do total. Como presidente, tenho direcionado os olhos da entidade para o mesmo foco.

PÓDIO – Você assumiu a presidência da entidade há pouco mais de um ano. Qual a sua avaliação e que balanço faz do seu mandato até o momento?

FAL – Estamos modernizando a entidade em todos os seus setores, inclusive, adquirimos nossa sede própria, aproximamos a Fenapaf das entidades ligadas ao esporte e unimos a categoria. Conseguimos conquistas inimagináveis e estão todas apresentadas no nosso site oficial e nas redes sociais. Como disse no meu discurso de posse, fui para a estrada fazer a Fenapaf ser conhecida e influente.

PÓDIO – Como jogador de futebol, você teve uma carreira relativamente curta, pendurou as chuteiras aos 23 anos. Por quê?

FAL – Sempre achei que o futebol era passageiro, efêmero. Conciliar os estudos com a profissão ainda é uma realidade distante no Brasil.

PÓDIO – Além de ter atuado profissionalmente, você é advogado na área esportiva há mais de 20 anos e já representou alguns jogadores. Essa vasta experiência em diversas áreas dentro do futebol tem te ajudado à frente do Fenapaf?

FAL – Minha administração se revela uma continuidade do que faço há 40 anos, desde quando entrei nas divisões de base do América-RN. Aliado à isso, minha formação acadêmica voltada ao futebol facilita a troca de experiências com os meus colegas em atividade. Nada no futebol é estranho ao que sempre desejei e realizei em toda a minha vida.

PÓDIO – Na sua avaliação, quais são os principais problemas enfrentados pelos jogadores do futebol brasileiro?

FAL – Tenho uma pesquisa no Estado do Rio Grande do Norte que revela uma realidade nacional: falta de calendário e salários atrasados estão no topo dos grandes desafios da categoria.

PÓDIO – A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou um relatório no ano passado, mostrando que 96% dos jogadores do futebol brasileiro ganham menos do que R$ 5 mil. Esse número é real ou a situação é ainda pior?

FAL – O número é real, a realidade é mais dura ainda, pois há descumprimento das obrigações sociais por 80% desses clubes.

Felipe Augusto Leite avalia seu primeiro ano à frente da Fenapaf

PÓDIO – No futebol, mais do que em outras profissões, os jogadores recebem os vencimentos de forma curiosa: geralmente a maior parcela do salário é paga como direitos de imagem, o que livra o clube de arcar com um elevado valor de impostos. Por que essa prática é comum e a Fenapaf visa algum tipo de trabalho nesse sentido?
FAL – A prática delituosa vem sendo bem enfrentada nos tribunais do trabalho pelo país. A Fenapaf sugeriu ao Congresso Nacional que extinga o direito de imagem para que todo o salário seja consignado no contrato.
PÓDIO – O Amazonas não possui um sindicato de jogadores. Como a Fenapaf trabalha em lugares assim? O que você sabe sobre a situações dos jogadores que atuam no Amazonas?
FAL – Temos um departamento que auxilia a categoria nos Estados em que não há sindicatos. Nosso jurídico é sempre acionado quando solicitado. Os repasses do direito de arena chegam aos atletas diretamente pela Fenapaf em curto prazo.
PÓDIO – Nos últimos anos os jogadores do futebol brasileiro tem mostrado um pouco mais de união, com a participação mais efetiva dos sindicatos. Houve, inclusive, um “barulho” muito grande em torno do Bom Senso FC, mas parece que o movimenta deu uma esfriada. Como você avalia o Bom Senso FC e esse interesse maior por parte dos jogadores em fazerem valer os seus direitos?
FAL – O Bom Senso foi um movimento de atletas que deixou sua contribuição e hoje estamos todos juntos dentro da Fenapaf. Criamos o “Clube de Capitães” e todos os assuntos relevantes são tratados pelos sindicatos, pela Fenapaf e pelo próprio Clube de Capitães. Há uma interação fantástica de toda a categoria. As conquistas são evidentes.
PÓDIO – Tramitam em Brasília a Lei Geral do Futebol Brasileiro e a nova Lei Geral do Desporto, além de mudanças propostas que alteram as regras atuais da Lei Pelé. Tudo isso sem contar a reforma trabalhista proposta pelo governo que atinge diretamente os jogadores de futebol. Quais são essas leis e o que elas pretendem alterar? Quem ganha e quem perde com as possíveis mudanças?
FAL – As duas propostas trazem temas complexos e que não interessam aos atletas. Fracionamento de férias e sua concessão em qualquer mês do ano fere de morte uma conquista história: as férias coletivas no recesso do calendário. É inadmissível dividir o repouso semanal remunerado em dois períodos de 12 horas. Demitir o atleta sem justa causa e obrigar o clube a pagar apenas 10% do saldo do contrato é um equívoco palmar. Acabar o direito de arena se revela um crime à categoria, se não bastasse inconstitucional. Não vamos melhorar o futebol brasileiro subtraindo as conquistas dos atletas ao longo da história.
PÓDIO – No início deste mês a Fenapaf obteve uma vitória histórica no STJD. Na ocasião, o Santa Cruz foi punido com a perda de três pontos por inadimplência salarial. Caso a situação se repita com outros clubes, você acredita que podemos ver mais punições como esta no futebol brasileiro?
FAL – Não é interesse para a Fenapaf estar nas barras dos tribunais procurando punição aos clubes, todavia, acaso persista esse estado de desarrumação administrativa, o caminho a ser perseguido será o mesmo.
PÓDIO – Quais as dificuldades encontradas pela Fenapaf em lutar pelo direitos dos jogadores? É difícil negociar com tantos interesses em jogo, seja por parte de federações, clubes e até mesmo televisão?
FAL – Não tenha dúvida que o jogo é pesado e os atores envolvidos, poderosos. A Fenapaf está no tabuleiro para contribuir com o engrandecimento do futebol brasileiro, com o incremento do número de torcedores, patrocinadores, qualidade do espetáculo, acesso da categoria ao mercado de trabalho digno, formação e educação de novos atletas, com a reconquista da hegemonia do futebol mundial. Para isto estamos sempre prontos para o diálogo com todos os responsáveis pelo negócio futebol. A Fenapaf sabe bem o seu lugar e suas obrigações. O protagonismo dos atletas será sempre colocado em relevo pela nossa administração.

Fonte: André Tobias / EM TEMPO

 

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